respeito é Bom e eu gosto!
“Aprendi que só podemos olhar para o outro de cima para baixo para ajudar a levantar-se.”
Frase usada em presídios do RJ no início da década de 1980.
Prezados,
Sou um cidadão como outro qualquer, pai de 4 filhos, um com 30 anos, engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Rural do Rio de Janeiro que devido ao uso abusivo de drogas se tornou “doente mental” crônico, tendo sido internado para tratamento, recentemente, pela 14ª vez nos últimos 4 anos.
Infelizmente, minha família já não é uma exceção.
A compulsividade (vulgarmente conhecida como vício) toma conta de nossa sociedade como um todo, atingindo 60% da população brasileira (algo em torno de 110 milhões de brasileiros de todas as faixas etárias e classes sociais), direta ou indiretamente, segundo a OMS, drama esse que acompanhamos, perplexos e inertes, diariamente através da mídia.
Historicamente a sociedade tem optado por ignorar os Portadores de Distúrbios Psicossociais, seus Familiares e Afins, até porque os envolvidos, devido à cultura reinante há séculos, se colocam numa posição como se estivem em dívida com a sociedade, ficando sem vez e voz, retroalimentando um ciclo perverso que, cada vez mais, os "marginaliza".
As famílias, ao serem responsabilizadas pela sociedade, isolada e covardemente, se sentem envergonhadas / humilhadas, como se o fato de termos entre nossos integrantes um Portador de Distúrbio Psicossocial fosse um sinal inequívoco de fracasso.
Já o Portador de Distúrbio Psicossocial, em uma sociedade em que é necessário “ter para ser”, por culturalmente não ter reconhecida sua capacidade de produzir capital, não é!
Com a vergonha surge a impotência, com a impotência a ausência da denúncia e sem a denúncia o poder público acaba por priorizar outras questões, relegando ao ostracismo 60% da nossa população!
“Primeiro entraram em nosso jardim e roubaram uma flor.
Nós não dissemos nada.
Depois o mais frágil deles entra em nosso quintal e mata nosso cão.
Nós não dissemos nada.
Depois conhecendo nosso medo, roubaram a lua, e arrancaram-nos a voz da garganta.
E como não dissemos nada, não podemos dizer mais nada.”
Vladimir Maiakóvski
Diversas pesquisas apontam a gravidade da situação, algumas realizadas pelo próprio poder público.
Mesmo assim, somente promessas vagas são feitas.
Cansado de falar e não ser escutado, de tomar conhecimento de histórias similares a de minha família quase que diariamente nas mídias, de ver uma geração de brasileiros sendo aniquilada (hoje a média de idade do preso brasileiro é em torno de 22 anos enquanto que há 30 anos atrás era de 40 anos) e de presenciar distorções absurdas como, por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro o Hospital Penitenciário tem um serviço específico para compulsivos, com atendimento médico, terapêutico e fornecimento de remédios, mas não existem clínicas para tratamento de compulsivos e menos ainda uma política pública de prevenção a compulsividade, me engajei no movimento respeito é Bom e eu gosto.
“Simplesmente não posso pensar pelos outros, nem para os outros, nem sem os outros.”
Paulo Freire
“ser livre não é fazer o que se queira; é ser senhor de si, saber agir pela razão, praticando o dever.”
Émile Durkheim
Nosso objetivo imediato é construir uma base sólida de apoio com instituições, personalidades, mídias, etc. que tragam representatividade ao nosso movimento. Agradecemos desde já indicações e apoios.
“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de comparar escrupulosamente nossos sonhos com nossa realidade.
Sonhos, acredite neles.”
Lenin
Abraço e felicidades a todos,
(21) 8796.0454
O conteúdo dessa correspondência pode ser reproduzido desde que não seja para fins políticos partidários, comerciais ou religiosos
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