O comunicado do Departamento de Estado dos EUA chamando a "levar a sério" as denúncias da Colômbia sobre a presença de guerrilheiros colombianos na Venezuela soa como uma ameaça a paz no continente.
De fato, dentro do contexto atual, esse ato de 'meter o bico' é, no mínimo, provocativo, se não ingerência. E esse intrometimento dos EUA é muito oportuno às vésperas das eleições presidenciais brasileiras nas quais está parecendo se confirmar a continuação do governo de esquerda, ou seja, do PT, mas sem Lula.
Muito oportuno em um momento em que o atual presidente Uribe está deixando o lugar para o Juan Manuel Santos que, coincidentemente, convidou o Hugo Chavez na sua cerimônia de posse, tentando, talvez, marcar um relaxamento nas relações Colombo - venezuelanas e uma abertura à reaproximação dos dois países[1].
E se esse gesto de reaproximação escondesse um afastamento da política de Washington com relação ao subcontinente e o possível 'fechamento' das bases estadunidenses no território colombiano?
É estranho porque Uribe, que trabalhou durante anos a minar as relações com o vizinho Chavez, está a duas semanas de deixar o cargo e, justo agora, vem implicar com um assunto cujos dados estão conhecidos dele já faz tempo e em um momento em que as próprias FARC estão perdendo forças. Além disso, o corte das relações comerciais pela Venezuela fez cair as exportações da Colômbia em mais de 70%, provocando a perda de milhares de empregos no país. Por outra parte, Uribe está deixando uma situação caótica relativamente aos para-militares que são apontados como responsáveis pela morte de milhares de pessoas, dentre as quais muitas crianças [2].
Relacionando com o Brasil, acontece que o chilique do Uribe, apoiado descaradamente pelos EUA, surge em um momento em que o PT está a caminho de vencer mais uma vez as eleições em outubro próximo, mas, desta vez, com outra figura que o Lula. Lembraremos que Lula tinha se comprometido a manter os fundamentos da estabilidade econômica durante a campanha de 2002 para consolidar sua candidatura frente a um PSBD enfraquecido pelo estado de crise em que se encontrava o país [3].
Estamos diante da mesma incógnita que na campanha do PT de 2002: não se sabe qual será a influência da franja mais radical do PT sobre o próximo governo petista e a imagem da candidata Dilma não convence tanto quanto o carisma do então candidato Lula. E daí a campanha construída em torno da Dilma e da sua relação à luta armada durante a ditadura militar, bem como a associação do PT com as FARC colombianas, denúncias que vem a tona justamente ao mesmo tempo em que o Uribe lança seu ataque ao Chavez.
E o círculo se completa!
Os EUA se usam da sua influência, através do Uribe e provavelmente de articulações políticas também no Brasil, para desafiar o Chavez e tentar o golpe de desestabilização política no subcontinente, mesmo que seja através de um conflito armado.
Afinal, o que é importante para o irmão do norte é reconquista da sua influência na América latina, que está cada vez mais enfraquecida, inclusive com a recente criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) [4] como alternativa declarada à OEA, há tempo desacreditada junto aos novos governos do continente. Justamente, a não-inclusão dos EUA (nem Canadá), assinala a vontade de distanciamento do bloco sul-americano sob a impulsão dos governos a tendência esquerdista da Venezuela e do Brasil pelos mais influentes.
No início de julho, a Secretária de Estado Hillary Clinton já tinha lançado, em discurso, uma ameaça disfarçada, denunciando o “perigo à democracia” na Venezuela (em associação à China e Rússia) enquanto ocorria uma reunião da CELAC em Caracas [5].
De fato, dentro do contexto atual, esse ato de 'meter o bico' é, no mínimo, provocativo, se não ingerência. E esse intrometimento dos EUA é muito oportuno às vésperas das eleições presidenciais brasileiras nas quais está parecendo se confirmar a continuação do governo de esquerda, ou seja, do PT, mas sem Lula.
Muito oportuno em um momento em que o atual presidente Uribe está deixando o lugar para o Juan Manuel Santos que, coincidentemente, convidou o Hugo Chavez na sua cerimônia de posse, tentando, talvez, marcar um relaxamento nas relações Colombo - venezuelanas e uma abertura à reaproximação dos dois países[1].
E se esse gesto de reaproximação escondesse um afastamento da política de Washington com relação ao subcontinente e o possível 'fechamento' das bases estadunidenses no território colombiano?
É estranho porque Uribe, que trabalhou durante anos a minar as relações com o vizinho Chavez, está a duas semanas de deixar o cargo e, justo agora, vem implicar com um assunto cujos dados estão conhecidos dele já faz tempo e em um momento em que as próprias FARC estão perdendo forças. Além disso, o corte das relações comerciais pela Venezuela fez cair as exportações da Colômbia em mais de 70%, provocando a perda de milhares de empregos no país. Por outra parte, Uribe está deixando uma situação caótica relativamente aos para-militares que são apontados como responsáveis pela morte de milhares de pessoas, dentre as quais muitas crianças [2].
Relacionando com o Brasil, acontece que o chilique do Uribe, apoiado descaradamente pelos EUA, surge em um momento em que o PT está a caminho de vencer mais uma vez as eleições em outubro próximo, mas, desta vez, com outra figura que o Lula. Lembraremos que Lula tinha se comprometido a manter os fundamentos da estabilidade econômica durante a campanha de 2002 para consolidar sua candidatura frente a um PSBD enfraquecido pelo estado de crise em que se encontrava o país [3].
Estamos diante da mesma incógnita que na campanha do PT de 2002: não se sabe qual será a influência da franja mais radical do PT sobre o próximo governo petista e a imagem da candidata Dilma não convence tanto quanto o carisma do então candidato Lula. E daí a campanha construída em torno da Dilma e da sua relação à luta armada durante a ditadura militar, bem como a associação do PT com as FARC colombianas, denúncias que vem a tona justamente ao mesmo tempo em que o Uribe lança seu ataque ao Chavez.
E o círculo se completa!
Os EUA se usam da sua influência, através do Uribe e provavelmente de articulações políticas também no Brasil, para desafiar o Chavez e tentar o golpe de desestabilização política no subcontinente, mesmo que seja através de um conflito armado.
Afinal, o que é importante para o irmão do norte é reconquista da sua influência na América latina, que está cada vez mais enfraquecida, inclusive com a recente criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) [4] como alternativa declarada à OEA, há tempo desacreditada junto aos novos governos do continente. Justamente, a não-inclusão dos EUA (nem Canadá), assinala a vontade de distanciamento do bloco sul-americano sob a impulsão dos governos a tendência esquerdista da Venezuela e do Brasil pelos mais influentes.
No início de julho, a Secretária de Estado Hillary Clinton já tinha lançado, em discurso, uma ameaça disfarçada, denunciando o “perigo à democracia” na Venezuela (em associação à China e Rússia) enquanto ocorria uma reunião da CELAC em Caracas [5].